5 dicas para um sexo sem barreiras

Informação, comunicação e criatividade são ingredientes essenciais para o sexo acessível

1 – Conheça e explore o seu corpo

Você se conhece? Provavelmente sabe o que causa desconforto, mas e o que dá prazer? Uma deficiência ou condição crônica que cause fraqueza, dor, alteração da sensibilidade e/ou dos movimentos pode afetar alguma fase da resposta sexual, mas não impede a pessoa de viver sua sexualidade prazerosamente. Esta resposta sexual é influenciada pelos aspectos emocionais, pela vivência da sexualidade e sua estimulação.

Nossa mente é o nosso maior órgão sexual. E ela não depende dos genitais na elaboração das experiências eróticas, do desejo, da excitação sexual e do orgasmo. Quando a sensibilidade está alterada, é necessário revisar as experiências, criar e readaptar hábitos e maneiras de alcançar a satisfação consigo mesmo e com o(a) outro (a), experimentar todo o potencial das áreas onde se sente prazer. As chamadas zonas erógenas são partes do corpo onde o toque pode causar excitação sexual, e variam de pessoa para pessoa: cabelos, cabeça, mamilos, pescoço, orelhas, zona de transição (no caso da lesão medular), dobras de cotovelo e joelhos, genitais, pés, entre outras. Conheça as suas áreas de prazer, sinta e observe as sensações despertadas, e como prefere ser tocado em cada uma delas.

2 – Antes de se dedicar a outra pessoa, cuide-se!                              

Busque orientações de fontes confiáveis. A desinformação pode fragilizar a pessoa em seu processo de relação com a imagem corporal, autoestima e identidade sexual. A deficiência não impede a pessoa de se relacionar afetiva e sexualmente. Desligar-se de padrões e preconceitos é necessário para se entregar, e isso vale para todas as pessoas. Conhecendo-se melhor, e uma vez encontrada a pessoa com quem você queira se relacionar, são necessários alguns cuidados.

Evitar grandes quantidades de líquidos e alimentos pesados antes do seu encontro pode prevenir desconfortos. Caso tenha necessidade, use os seus medicamentos analgésicos e para espasmos musculares também com antecedência. Eliminar a dor e a espasticidade deixa mais espaço para o prazer. É importante esvaziar a bexiga e o intestino antes da atividade sexual para evitar perdas urinárias ou fecais, e na hora do banho, tenha cuidado especial com a higiene íntima. 

3 – Conecte-se com seu parceiro(a)

O vínculo com outras pessoas é construído através do afeto e diálogo, tornando possível a intimidade e a confiança. Diga a seu(a) parceiro(a) exatamente o que é bom ou não. Pratique a conversa sexual: expresse verbalmente seus desejos e fantasias; quando estiverem juntos, descreva o que você está fazendo, ou se não estiverem, fale o que gostaria de fazer no próximo encontro. Em qualquer relação podem acontecer imprevistos, portanto, nessa hora, procurem lidar com bom humor e parceria.

 4 – Aproveite o momento

Programe as atividades sexuais quando se sentir com mais energia e disposição, sem cansaço ou dores que podem comprometer o momento. Quando a mobilidade está alterada, descubra posições confortáveis no leito: use travesseiros para posicionar e estabilizar o corpo, possibilitando melhor contato íntimo com o(a) parceiro(a). A relação sexual não é o princípio e o fim de toda a atividade sexual. Explorem outras atividades eróticas como carícias, massagens, masturbação mútua, sexo oral e uso de acessórios que aumentem as sensações prazerosas. Experimentem posições e atividades sexuais que minimizem o desconforto e maximizem a mobilidade. Esta é sua oportunidade de ser criativo(a) – procure imagens para adaptá-las às suas necessidades.

5 – Para ele e para ela

O preservativo (camisinha) é o único método capaz de prevenir a gravidez e proteger contra as ISTs (Infecções Sexualmente Transmissíveis) ao mesmo tempo. Entretanto, algumas pessoas podem ser alérgicas ou apresentar irritações ao usá-lo, neste caso são indicados os preservativos sem látex.

Dificuldades com ereção podem ocorrer por alterações neurológicas, vasculares ou efeitos colaterais de medicamentos. Existem vários tratamentos para a disfunção erétil. Isso inclui medicamentos orais, bombas de vácuo, dispositivos de constrição (também conhecidos como anéis penianos), injeções penianas e implantes cirúrgicos. Alguns homens podem apresentar ainda ejaculação retrógrada, e o sêmen em vez de ser expelido na hora do orgasmo, pode sair junto com a urina na micção. Caso seja necessário o tratamento da infertilidade, procure centros de referência de reprodução assistida.

As mulheres devem manter controle com seu ginecologista regularmente, e escolher um método contraceptivo ideal. A lubrificação vulvovaginal pode ser complementada ou substituída pelo gel lubrificante à base de água. Na lesão medular, a menstruação pode sofrer interrupção temporária que vai de 3 meses a 1 ano, com posterior retorno do fluxo e ciclos regulares. A gestação deve ser acompanhada de perto pelo fisiatra e obstetra.

Em caso de dúvidas, procure um enfermeiro de reabilitação ou seu médico especializado.

AUTORES:
Eliz Ferreira – Enfermeira graduada pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, especializada em Qualidade em Saúde e Segurança do Paciente pela parceria da Fiocruz e a Escola Nacional de Saúde Pública da Universidade Nova de Lisboa – Lattes iD http://lattes.cnpq.br/3449690579942946

Com a contribuição de
Marcela Silva e Ferreira Santos – Consultora em Saúde e Educação Sexual certificada pela Abrasex

Profª Draª Fabiana Faleiros. Professora Doutora do Departamento Geral e Especializada da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo.

Profª Draª Marislei Sanches Panobianco. Enfermeira. Professora Associada do Departamento de Enfermagem Materno-Infantil e de Saúde Pública da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo.

Profª Draª Soraia Assad Nasbine Rabeh. Enfermeira. Professora Doutora do Departamento de Enfermagem Geral e Especializada da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo.

SAIBA MAIS

Oliveira, Deyse Cardoso de. A Mulher Com Lesao Medular E a Sexualidade: Sociopoetizando O Cuidado Clinico De Enfermagem. 2008. Disponivel em Domínio Público – Resultado da Pesquisa Básica (dominiopublico.gov.br)

Maia, Ana Cláudia Bortolozzi e Ribeiro, Paulo Rennes Marçal Desfazendo mitos para minimizar o preconceito sobre a sexualidade de pessoas com deficiências. Revista Brasileira de Educação Especial [online]. 2010, v. 16, n. 2 [Acessado 14 Setembro 2021] , pp. 159-176. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S1413-65382010000200002>. Epub 01 Out 2010. ISSN 1980-5470. https://doi.org/10.1590/S1413-65382010000200002

E o sexo continua… Descobertas após lesão medular – D+Informação – USP (demaisinformacao.com.br)

6 mitos e verdades sobre a sexualidade de cadeirante (freedom.ind.br)

“Pensam que não transo”: pessoas com deficiência falam sobre a vida sexual – 18/05/2019 – UOL Universa

Por que a sexualidade das pessoas com deficiência ainda é tabu | Hypeness – Inovação e criatividade para todos.

Blog do Cadeirante

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