Autor: Enf. Dra. Naira Beatriz Favoretto Cunha (http://lattes.cnpq.br/5078585898153039)
A lesão por pressão, também conhecida como úlcera por pressão ou escara, pode estar associada aos movimentos de fricção, cisalhamento ou de pressão contínua, principalmente em regiões do corpo com proeminências ósseas. Ela ocorre devido a interrupção da circulação do sangue na área.
Os locais mais comuns onde as lesões por pressão aparecem é a região glútea (“nádegas”), sacra (“cóccix”) e calcâneos (“calcanhar”).
Alguns fatores podem favorecer o aparecimento dessas lesões, como a idade (idosos apresentam pele de maior risco), pessoas acamadas (apresentam maior risco de uma circulação sanguínea na pele comprometida) e pessoas com lesão medular (devido a diminuição da sensibilidade e o comprometimento dos movimentos). O peso também pode contribuir para o seu surgimento, tanto pessoas abaixo do peso quanto obesos, apresentam risco aumentado. Além desses, podemos citar a hipertensão arterial sistêmica, diabetes, perda de continência urinária ou fecal, presença de espasmos musculares, anemias, doenças circulatórias e tabagismo.
A presença da lesão por pressão pode causar vários transtornos físicos e emocionais, como desconforto, dor e sofrimento, além de comprometer a qualidade de vida da pessoa que apresenta a ferida.
Quais são os estágios da lesão por pressão?
As lesões por pressão podem ser classificadas em 4 estágios:
Estágio 1: a pele está intacta, mas apresenta com uma área localizada de eritema (vermelha) não branqueável;
Estágio 2: apresenta perda parcial da espessura da pele. Neste estágio lesão, o tecido adiposo (gordura) e os tecidos mais profundos não estão visíveis;
Estágio 3: ocorre perda total da espessura da pele na qual o tecido adiposo (gordura) é visível na lesão;
Estágio 4: há perda total da espessura da pele e exposição ou palpação direta de tecidos como fáscia, músculo, tendão, ligamento, cartilagem ou osso.
Lesão por pressão não estadiável: não conseguimos confirmar o estágio da lesão porque ela está coberta por esfacelo ou tecido de necrose.
Como prevenir a lesão por pressão?
Para evitar lesão por pressão, retirar a pressão sobre a pele para que o sangue circule adequadamente nas regiões é a principal ação. O alívio das regiões com proeminências ósseas, deve ser realizado com a mudança de decúbito a cada 2 horas (mudar a posição da pessoa na cama). Para as pessoas que utilizam cadeira de rodas, o alívio da pressão deve ser realizado principalmente nas regiões glútea e sacra.
Outras ações importantes são a hidratação da pele, com creme, logo após o banho e a inspeção (olhar com atenção) todo o corpo, observando regiões vermelhas ou com feridas, para identificar a lesão por pressão o quanto antes e iniciar o tratamento adequado.
Como tratar a lesão por pressão?
O tratamento das feridas deve ser realizado individualmente, com avaliação e acompanhamento profissional.
Vale destacar que curativos, uso de dispositivos, como colchão pneumático e almofadas especiais, são medidas adjuvantes, que auxiliam, mas o alívio da pressão no local é essencial para o sucesso do tratamento e da prevenção de novas lesões por pressão.
Referências
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