Autor: Nicole Palladino Silva (http://lattes.cnpq.br/3943720515181694)
Nos dias atuais, cerca de um bilhão de pessoas convivem com doenças neurológicas, isto é, doenças que afetam o sistema nervoso central e periférico. Além disso, a maioria delas não possuem cura, sendo exemplos: o Alzheimer, o Parkinson, a Esclerose Lateral Amiotrófica, a Esclerose Múltipla, a Síndrome de Guillain-Barré etc. São doenças que afetam a qualidade de vida das pessoas acometidas e, por vezes, trazem algumas limitações em tarefas diárias.
Em relação aos quadros clínicos, as doenças neurológicas muitas vezes têm perfil clínico difícil e sua evolução é incerta, uma vez que afetam a cognição, comunicação, identidade e funcionalidade. Devido a isso, podem também levar, por consequência, a alterações psicológicas, como depressão, ansiedade, impulsividade etc.
Por vezes, a palavra “Cuidados Paliativos” é usada em pacientes oncológicos e está melhor fundamentada quando aplicada a eles, porém, em relação às pessoas com doenças neurológicas ainda há pouco entendimento, visto que necessitam de um cuidado paliativo específico, pois possuem sintomas especiais e diferentes. Os neurologistas afirmam que os cuidados paliativos para esses tipos de doenças não tem o foco em curar os pacientes, pois a maioria dessas doenças não possuem cura, devem ser aplicados na descoberta da doença até o estágio terminal.
Basicamente, são cuidados focados na pessoa acometida pela doença e nos familiares, tendo o intuito de controlar infecções, a Diabetes Mellitus (DM), a Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS), lesão por pressão etc, um exemplo é a mudança de posição para aliviar a pressão que o local que a pessoa está deitada faz, prevenindo o aparecimento de lesões. Outras formas é usando medidas que proporcionam alívio da dor, como as medicamentosas. Um impasse para abordagem paliativa na área da neurologia é a gravidade dos pacientes, pois muitas vezes a fala, a cognição e a parte motora são afetadas, então, a equipe de saúde tem dificuldade para entender as preferências desses pacientes.
Devido ao intenso impacto na saúde dessas pessoas, os fatores psicológicos também são afetados, uma vez que essas doenças geram alto grau de dependência para tarefas diárias, então, tanto as pessoas afetadas pelo quadro quanto os familiares sofrem com a situação. Logo, a visão biopsicossocial é fundamental por parte da equipe de saúde para compreender todo o quadro complexo da pessoa com doença neurológica.
Infelizmente, há ainda muitas dúvidas em relação à abordagem de cuidados paliativos para pessoas com doenças neurológicas, alguns defendem que deve acontecer somente em casos terminais, outros que deve ser implementada no início da doença. Além disso, no ambiente hospitalar, muitos pacientes são considerados “paliativos”, mas procedimentos invasivos continuam a acontecer devido à incerteza do diagnóstico desses pacientes, visto que é complexo.
Por isso, há ainda a necessidade de continuar estudando sobre o tema e buscando fundamentá-lo para conseguir proporcionar uma qualidade de vida maior para essas pessoas, dado que não é fácil lidar com os sinais e sintomas que essas doenças neurológicas causam.
REFERÊNCIAS
Sousa, E. M. M. et al. Cuidados Paliativos em pacientes neurológicos: uma revisão da literatura. Revista Eletrônica Acervo Científico. Campinas, 2023.
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