Autora:
Gabriela Reis de Souza Pardo.
Enfermeira e Doutoranda em Enfermagem em Saúde Pública pela Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto (EERP-USP). Currículo Lattes: https://lattes.cnpq.br/1293158755572084
Profa Fabiana Faleiros, Profa Marislei Panobianco Profa Soraia Rabeh, Profa Geyslane Albuquerque, Prof. Dr. Christoph Käppler, Dra Ana Karine Monteiro, Ms. Letícia Noelle Corbo e Ms. Michel Marcossi.
Quando pensamos em cuidados paliativos, muitas pessoas acreditam que se trata de um cuidado oferecido nos últimos momentos de vida. No entanto, cuidados paliativos são abordagens de saúde destinadas a pessoas com doenças graves e crônicas, tendo como princípio melhorar a qualidade de vida do paciente e de seus familiares proporcionando conforto físico, psicológico, social e espiritual, garantindo a dignidade e suporte integral em todas as fases da doença. Entre as doenças, há como exemplo a diabetes mellitus, doenças cardiovasculares, cânceres, doenças respiratórias crônicas, distúrbios mentais de longo prazo, deficiências físicas e estruturais contínuas, entre outros. Então o que seria reabilitação paliativa, e como ela pode beneficiar os pacientes e suas famílias?
Reabilitação Paliativa
A reabilitação paliativa é uma abordagem dentro dos cuidados paliativos e tem por objetivo melhorar ou manter a qualidade de vida de pacientes com doenças graves ou incuráveis, ajudando-os a alcançar o máximo de independência e manter uma vida ativa, além de aliviar os sintomas físicos e emocionais.
Esse cuidado não tem o objetivo de prolongar a vida, mas sim garantir que o percurso da doença seja vivido com dignidade, qualidade e conforto físico, emocional e espiritual. Portanto, os objetivos da reabilitação paliativa incluem a gestão de sintomas, melhoria da mobilidade, apoio emocional, e a manutenção da autonomia. Combinado a isso, a reabilitação paliativa pode reduzir a sobrecarga de cuidados por familiares e cuidadores.
Integração Multiprofissional
A reabilitação paliativa é desenvolvida por meio de uma abordagem multidisciplinar, ou seja, envolve um conjunto de profissionais da saúde como médico, enfermeiro, fisioterapeuta, terapeuta ocupacional, psicólogo, nutricionista, assistente social e capelão ou conselheiro espiritual. Essa equipe trabalha em conjunto para desenvolver um plano de cuidados personalizado, atendendo todas as demandas do paciente e familiares.
Para entendermos melhor, pode-se citar como exemplo o trabalho exercido pelo fisioterapeuta ao auxiliar pessoas com deficiência física a recuperar ou manter sua mobilidade, prevenindo assim possíveis complicações como lesões e úlceras por pressão e fraqueza muscular. Ao mesmo tempo, um terapeuta ocupacional pode ajudar o paciente a adaptar suas atividades diárias, facilitando com técnicas de adaptação e uso de dispositivos auxiliares.
Há um destaque também para os profissionais de enfermagem, que, através de seu contato com o paciente e poder de comunicação, oferecem cuidados humanizados e holísticos aos pacientes e seus familiares, priorizando o bem-estar e qualidade de vida. Além de realizar o cuidado clínico, os enfermeiros atuam na educação continuada, ao esclarecer dúvidas e orientando sobre diversos temas relacionados à saúde. São responsáveis pela coordenação do atendimento, e gerenciam aspectos burocráticos e administrativos do cuidado, portanto, trabalham em conjunto com outros profissionais da saúde para garantir um serviço eficaz e integrado.
Saiba mais: https://demaisinformacao.com.br/contexto-dos-cuidados-paliativos-para-pessoas-com-doencas-neurologicas/
Nesse processo, o apoio emocional fornecido pelo psicólogo é crucial no processo de reabilitação. Enfrentar uma doença grave e incurável pode ser uma experiência dolorosa e assustadora, podendo surgir sentimentos como ansiedade, depressão, e o medo da morte. O acompanhamento psicológico se torna fundamental para aliviar os sintomas emocionais dos pacientes, trabalhar o luto ao proporcionar um espaço seguro para expressar suas emoções.
Benefícios da Reabilitação Paliativa
Mesmo diante de um diagnóstico severo, é direito do paciente manter sua dignidade e qualidade de vida. Sendo a deterioração da condição física como principal característica desses pacientes, nota-se a importância da reabilitação paliativa para a melhora do quadro clínico. A partir de técnicas e terapias não farmacológicas desenvolvidas na reabilitação, é possível trabalhar com as dificuldades funcionais e incapacidades relacionados ao adoecimento e tratamento da doença.
A inclusão da família no processo de reabilitação paliativa também é fundamental, pois, além da reabilitação auxiliar na melhora da mobilidade e autonomia dos pacientes diminuindo assim a sobrecarga que os cuidadores enfrentam, oferece educação e orientação pelos profissionais para que a família possa cuidar do paciente de forma eficaz, sem sacrificar sua própria saúde e bem-estar.
Atualmente, a reabilitação paliativa é um componente essencial dos cuidados de saúde, proporcionando uma abordagem holística que visa melhor qualidade de vida dos pacientes com doenças graves e ameaçadoras da vida. Ao focar na funcionalidade, conforto físico, emocional e social, a reabilitação permite que os pacientes vivam de forma digna, mesmo diante dos desafios. É um lembrete que, em qualquer estágio de uma doença, ainda há vida a ser vivida e qualidade a ser preservada.
REFERÊNCIAS
REZENDE, Gabriela. Cuidados paliativos e reabilitação para a população oncológica adulta: um estudo qualitativo multicêntrico com enfermeiros e terapeutas ocupacionais do Brasil e da Inglaterra. Orientador: Marysia Mara Rodrigues do Prado de Carlo. 2022. 195 f. Tese (Doutorado em Enfermagem em Saúde Pública) – Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, [S. l.], 2022-01-18. DOI https://doi.org/10.11606/T.22.2022.tde-12052022-145510. Disponível em: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/22/22133/tde-12052022-145510/en.php. Acesso em: 28 ago. 2024.