Na última quarta-feira (7), num evento on-line no canal do YouTube da Sociedade Brasileira de Atividade Física (SBAFS), ocorreu a divulgação do Guia de Atividade Física para a População Brasileira. “O guia é extremamente importante para embasar políticas e ações públicas de promoção de atividade física e incentivar a população a se exercitar, para que todos sejam ativos fisicamente no dia a dia e, portanto, mais saudáveis”, afirma Alex Florindo, pesquisador da USP e um dos cerca de 70 cientistas que desenvolveram o guia. A publicação é coordenada pelo epidemiologista Pedro Hallal, da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), e foi financiada pelo Ministério da Saúde, que lançou o documento há uma semana, em evento sem a presença dos pesquisadores.
“Nós sabemos que hoje a atividade física é uma das principais variáveis de promoção da saúde, qualidade de vida e prevenção de doenças”, afirma Florindo. A prática regular dessas atividades está relacionada ao combate de doenças como câncer, diabete e obesidade, o que contribui para a saúde da população. Segundo Florindo, estudos epidemiológicos recentes descrevem o efeito dessa prática na prevenção de casos graves de covid-19, afirmando a importância da área na saúde pública. Isso envolve orientações em nível governamental e populacional para incentivar a população à prática de atividades físicas, embasamento de políticas públicas para essa promoção e orientação aos profissionais da área.
De acordo com Florindo, em relação a projetos na área, esse pode ser considerado um dos maiores no mundo, devido à diversidade e quantidade de pesquisadores de todo o Brasil envolvidos. A comissão científica contou com seis especialistas, representantes de cada região do Brasil, além de técnicos do Ministério da Saúde e da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) e outros profissionais experientes na área, que utilizaram as evidências científicas mais atuais para a construção do documento de 50 páginas, de forma simples, direta e atrativa ao público.
Os pesquisadores desenvolveram durante dois anos trabalhos voltados para as melhores orientações físicas em cada ciclo da vida; crianças, até 5 anos; jovens, entre 6 e 17 anos; adultos, 18 anos ou mais; e idosos, 60 anos ou mais. Entre as categorias que compõem os oito capítulos do documento que serão discutidos na apresentação, também foram abordadas a educação física escolar e a atividade física para gestantes e para pessoas portadoras de deficiência. Para crianças no primeiro ano de vida, a recomendação é que fiquem pelo menos 1 hora por dia de bruços. Já para as mais crescidas, de 1 a 5 anos, a recomendação é que sejam praticadas pelo menos 3 horas por dia de atividade física. Para jovens, a recomendação é de pelo menos 1 hora por dia de atividade física. Os adultos, idosos e gestantes receberam a recomendação de pelo menos 150 minutos de atividade por semana. As recomendações de cada faixa etária também se aplicam para pessoas com deficiência.
A vida ativa e o sedentarismo são multifatoriais, isto é, envolvem uma gama de fatores, que são abordados no documento. Florindo explica que existem fatores mais próximos às pessoas, como autoeficácia, apoio social, cultural, e fatores externos, como ambiental, social e político. “O guia visa a trabalhar com essa amplitude de questões que podem estar relacionadas com a promoção da atividade física, para que contribua para a saúde da população”, completa.
Segundo informações do evento, o guia tem enorme potencial de orientar políticas públicas, incentivar a população em geral e contribuir na atuação dos diversos profissionais da área da saúde na próxima década, ao passo que traz recomendações para toda a população brasileira de como adotar um estilo de vida ativo, além de apresentar sugestões para gestores públicos sobre como incorporar a promoção de atividade física como uma política eficaz de promoção da saúde do curto ao longo prazo.
O Ministério da Saúde distribuirá 74 mil exemplares do guia para Secretarias Estaduais e Municipais de saúde e enviará o documento para profissionais e usuários do Programa Academia da Saúde, Centros de Reabilitação com foco na atenção às pessoas com deficiência visual, ministérios e órgãos governamentais. Em formato digital, o guia está disponível em português, inglês, espanhol, audiobook — democratizando o acesso a estrangeiros e refugiados que residem no Brasil que usam o Sistema Único de Saúde (SUS) — e em versão para gestores e profissionais da saúde.
Acesse o Guia completo em PDF clicando aqui.
Fonte: Jornal da USP