A importância do Empoderamento na Reabilitação de Pessoas com Lesão Medular

No contexto epidemiológico, cerca de 40 pessoas a cada milhão possuem lesão medular no mundo. De todas as pessoas que declaram deficiência física no Brasil, metade possuem tetraplegia, paraplegia ou hemiplegia permanente. Geralmente, são pessoas jovens, do sexo masculino e com poucos anos de escolaridade. Há duas classificações distintas de lesão medular: a primeira, denominada lesão traumática, acontece por decorrência de acidentes automobilísticos, ferimentos com armas, quedas e agressões; a segunda, por sua vez, trata-se de más formações congênitas, como a mielomeningocele e espinha bífida.

Em relação à física, a lesão medular é quando tem uma força que supera a proteção que as vértebras oferecem à medula espinhal, ocorrendo uma laceração. Quando isso acontece, podem ocorrer inúmeras alterações de ordem neurológica, como ausência de movimentos nos braços e nas pernas; prejuízo na inervação da bexiga, o que pode desencadear dificuldade em eliminar a urina e, consequentemente, maior chance de infecção; dificuldades para expelir as fezes devido à falta de inervação no intestino, o que requer medidas laxativas ou manobras de esvaziamento intestinal etc.

Além disso, há o impacto psicológico, visto que a pessoa acometida pela lesão passa a depender de outras pessoas para a realização de algumas atividades e há uma intensa mudança em sua vida. Por isso, é importante que ocorra o empoderamento desses indivíduos, ou seja, que eles se tornem participativos em relação à tomada de decisão da sua própria saúde, não deixando que outros (profissionais da saúde ou não) realizem isso. O empoderamento ocorre através da aproximação da equipe multiprofissional de saúde com o usuário, em que a equipe realiza a educação em saúde, sendo assim, o usuário passa a tentar realizar algumas técnicas de acordo com sua capacidade física por meio da mediação dos profissionais.

Quando a pessoa com lesão medular consegue tomar a decisão da sua saúde e realizar alguns procedimentos de cuidados, ela passa a ganhar confiança e, por consequência, autonomia. Chegará um momento, portanto, que esse indivíduo conseguirá fazer plenamente algumas atividades sozinho e atingirá o autocuidado.

Logo, a reabilitação para pessoas com lesão medular é um processo, em que é necessário a conquista do empoderamento, para que a pessoa tenha autonomia e, por fim, consiga realizar o autocuidado. Porém, muitos profissionais ainda pulam essas etapas e, dessa forma, se torna mais difícil para a pessoa acompanhar, o que gera desmotivação e perda de autonomia.

Referências:

Alsop, R.; Heinsohn, N. (2005) Measuring Empowerment in Practice: Structuring Analysis and Framing Indicators. World Bank Policy Research Working Paper 3510

Cerezetti, C. R. N. et al. Lesão Medular Traumática e estratégias de enfrentamento: revisão crítica. O
Mundo da Saúde, São Paulo, 2017. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/artigos/mundo_saude/lesao_medular_traumatica_estrategias_enfrenta
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Meyers, A. R. The epidemiology of traumatic spinal cord injury in the United States. In: Nesathurai (Ed.).
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Rabeh, S.; Caliri, M. Prevalence of pressure ulcers in individuals with spinal cord injury and the association
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