Cientistas estão preocupados se suas pesquisas conduzidas retratam precisamente as necessidades de pessoas vivendo com lesões na medula espinhal (LME). Assim, o presente estudo se propõe a investigar os principais problemas enfrentados pelas pessoas com lesões e suas expectativas com a pesquisa.
Trata-se de um estudo quantitativo, exploratório, analítico e interseccional, que foi executado online, com uma amostra não probabilística de 618 brasileiros adultos com lesões na medula espinhal, que voluntariamente se inscreveram para participar da pesquisa do grupo de Neuroreabilitação. O questionário virtual constituía-se por 22 questões baseadas nos dados estatísticos do ISCOS (International Spinal Cord Society/Sociedade Internacional de Medula Espinhal).
A maioria (68,9%) dos participantes eram do sexo masculino, com educação superior ou com pós-graduação (49,5%). A maior parte dos lesionados experienciaram lesões traumáticas (78,5%) e 58,7% eram paraplégicos. A faixa etária média era 38,04 anos (SD= 9,8). As principais dificuldades enfrentadas por conta das lesões eram locomoção/acessibilidade (70,9%), bexiga neurogênica (68,8%), intestino neurogênico (48,2%) e sexualidade (36,1%). A demanda mais alta foi por estudos experimentais em células-tronco (22,5%), reabilitação (14,2%) e curas (13,9%). A maioria (84,3%) destes que reportaram problemas sexuais depois da lesão espinhal foram homens (p= 0,013).
Os resultados empoderam as pessoas com lesão na medula espinhal ao permitir sua influência na agenda das pesquisas científicas baseada em suas expectativas e dificuldades. Essa pesquisa survey também ajudará as organizações com o engajamento das partes interessadas para implementar um programa direcionado para reabilitação das pessoas com lesão medular.
Para ler o artigo completo, acesse o link: https://www.nature.com/articles/s41598-022-26733-7
Referências:
Faleiros, F., de Oliveira Braga, D.C., Schoeller, S.D. et al. Surveying people with spinal cord injuries in Brazil to ascertain research priorities. Sci Rep 13, 654 (2023). https://doi.org/10.1038/s41598-022-26733-7
Publicado e traduzido por:
Nicole Palladino Silva