Comportamento suicida em pessoas com deficiência

Comportamento suicida: Discutir e ouvir para prevenir

Falar sobre o comportamento suicida não é tarefa fácil. É necessário desmitificar esse assunto a fim de promover a saúde mental para todos os públicos, incluindo pessoas com deficiência. O contexto atual é marcado por uma grande veiculação de informações e maior interesse social sobre o suicídio, porém, apesar do crescente número das taxas de suicídio no Brasil e no mundo, ainda é necessário desmitificar e discutir a temática para que ocorra a promoção da saúde mental e a prevenção do suicídio. O suicídio está entre as 10 primeiras causas de morte no mundo; o número de pessoas que comete suicídio anualmente se comparados as que morrem em conflitos mundiais combinados, são maiores. Sendo assim, se classifica como um grave problema de saúde pública mundial. É importante ressaltar que todo suicídio é multicausal e possui vários fatores, sendo considerado um fenômeno de grande complexidade. O comportamento suicida é abrangente e inclui desde pensamentos de autodestruição (ideação), ameaças, gestos, tentativas de suicídio e até o suicídio em si. A prevenção se faz com comunicação e é importante identificar indivíduos em situação de risco afim de contemplar as necessidades, fatores de risco e potencializar os fatores de proteção entre estes grupos vulneráveis. Tratando-se de fatores de risco, muitas vezes as doenças crônicas e incapacitantes, deficiências e comorbidades são associadas ao comportamento suicida, e demandas específicas desses grupos vulneráveis precisam ser contempladas em estratégias preventivas. É imprescindível que o sofrimento do indivíduo não seja desvalorizado e que haja acolhimento, escuta e respeito sobre a sua dor. Importante, também, é falar sem promover, ou seja, conversar de forma responsável sobre o comportamento suicida, discutir sobre a vida, morte, vulnerabilidades como o desespero humano, imprevisibilidades, perda da fé, do sentido e desesperança na vida. O suicídio está ligado ao sofrimento, pensamentos negativos, quadros depressivos, incompreensão, não reconhecimento de si, dificuldades de detecção de sinais de desesperança, esgotamento, pedidos de ajuda (que podem ser verbais ou não verbais), dificuldade em encontrar alternativas viáveis para a solução de conflitos e aumento de pensamentos e afetividade negativos. O comportamento suicida é o principal fator de risco para uma tentativa ou morte por suicídio, portanto, qualquer ideação ou tentativa devem ser levadas a sério e avaliadas como sinal de alerta para a prevenção do mesmo. O comportamento suicida entre pessoas com deficiência pode ser mais elevado na presença de sintomas depressivos, idade mais jovem e elevada gravidade da deficiência. Existe uma necessidade da avaliação de risco e intervenções para a prevenção do suicídio entre indivíduos em sofrimento, pois na maioria das vezes, estes indivíduos não querem necessariamente acabar com a vida, e sim desejam parar de sofrer. As ações preventivas devem conter orientações sobre o comportamento suicida para a sociedade em geral, formação de uma rede de apoio efetiva, redução de estigma, aumento da empatia, envolvimento da comunidade para a oferta de suporte social para indivíduos vulneráveis, acompanhamento no cuidado e envolvimento de várias esferas da sociedade para que a sua integração seja facilitada. A identificação do indivíduo com deficiência em sofrimento é muitas vezes complexa e desafiadora. A avaliação deve sempre considerar tanto o tipo e o nível da deficiência, questões sociais, interpessoais, emocionais, culturais e familiares. Ninguém está imune aos problemas relacionados à saúde mental ao longo da vida e é importante entender que existem estratégias, cuidados e redes de apoio para se conseguir ajuda. Se você conhece alguém ou está passando por isso, peça ajuda! O CVV (Centro de Valorização da Vida), oferece apoio emocional, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo por telefone, e-mail e chat 24 horas, todos os dias. O número do telefone é 188 #LIGUE188. Para mais informações, acesse: https://www.cvv.org.br/ SAIBA MAIS BARBOSA, Fabiana de Oliveira; MACEDO, Paula Costa Mosca; SILVEIRA, Rosa Maria Carvalho da. Depressão e o suícido. Rev. SBPH,  Rio de Janeiro ,  v. 14, n. 1, p. 233-243, jun.  2011 .   Disponível em <BOTEGA, Neury José. Comportamento suicida: epidemiologia. Psicol. USP,  São Paulo ,  v. 25, n. 3, p. 231-236,  Dec.  2014 .   Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-65642014000300231&lng=en&nrm=iso>. access on  31  July  2018.  http://dx.doi.org/10.1590/0103-6564D20140004. CAVALCANTE, Fátima Gonçalves; MINAYO, Maria Cecília de Souza. Estudo qualitativo sobre tentativas e ideações suicidas com 60 pessoas idosas brasileiras. 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