Retirado de: Jornal da USP
Escrito por: Rede USP de Rádio
Antonio Massola e José Pinhata Otoch explicam os benefícios e a importância do curso de capacitação oferecido em parceria pela Escola Politécnica e o Hospital Universitário
A Escola Politécnica (Poli) e o Hospital Universitário da USP se uniram na criação de um curso de capacitação profissional e empresarial visando à inclusão de pessoas com transtorno do espectro autista (TEA) na educação e no mercado de trabalho. O curso de difusão Capacitação para Inclusão de Autistas na Educação e Mercado de Trabalho terá duração de 44 horas, sendo realizado aos sábados, das 8h às 12h, e a previsão de início é em novembro. A esse respeito, o professor Antonio Massola, da Poli, e o professor José Pinhata Otoch, superintendente do HU, discorrem um pouco mais sobre o curso e seus benefícios.
Estigmatização e preconceitos
A estigmatização de pessoas com TEA ocorre devido à falta de compreensão e aos estereótipos associados ao Transtorno do Espectro Autista. Muitas vezes, tais pessoas são vistas como “diferentes” ou “incapazes” por causa de suas características comportamentais, como dificuldades de comunicação social, hipersensibilidade sensorial e padrões repetitivos de comportamento. Esse preconceito pode levar à exclusão social, discriminação no ambiente de trabalho e na educação, além de afetar a autoestima e o bem-estar dessas pessoas.
“Infelizmente, o desconhecimento nessa área é um grande obstáculo para a capacitação dessas pessoas e o reconhecimento e a inclusão delas no ambiente profissional.
Esse desconhecimento impede uma melhor habilidade potencial dessas pessoas. Uma melhora do entendimento do que acontece com elas pode realmente trazer um benefício grande para a sociedade. E começa por compreender o grau, porque há diferentes graus de transtorno do espectro autista. E muitas dessas pessoas podem ter uma vida absolutamente normal”, afirma Antonio Massola.
O objetivo do projeto é capacitar as pessoas para entender o que pode ser feito no desenvolvimento dos diferentes graus nas habilidades técnicas, interpessoais e nas necessidades de cada indivíduo. “Além dessa capacitação, você faz uma mentoria. Você cria programas para que profissionais experientes possam guiar e apoiar as pessoas com o transtorno a navegar no ambiente de trabalho de uma forma mais segura. E tem outras formas que a gente pode depois discutir, se tiver tempo, mas essas duas são as principais“, acrescenta Massola.
Participação do HU e importância do projeto
O superintendente do Hospital Universitário, José Pinhata Otoch, comenta sobre o papel fundamental do HU no processo de inclusão e das redes de apoio que o hospital oferece para as famílias e para outros. “O HU entra mais com o aspecto de suporte, igual à Escola Politécnica, numa situação muito importante que pode não aparecer em um primeiro momento, mas é a formação de redes de apoio. A rede de apoio para as pessoas com distúrbios é extremamente necessária, não só no ambiente familiar, no ambiente peri-pessoa com distúrbio, mas também no ambiente do sistema de saúde, para entendimento do que acontece com essas pessoas e como elas podem ser integradas dentro da sociedade. Então, nessa visão, tanto a Politécnica quanto o Hospital Universitário são uma rede de apoio para que nós comecemos a criar uma situação de despertar uma visão e um entendimento novo sobre o que pode ser feito de uma forma inclusiva para as pessoas com os distúrbios autistas”, discorre.
Antonio Massola ainda explica o funcionamento do curso: “Tudo isso que você falou é absolutamente dirigido dentro das atividades desse curso de difusão. O que a gente pretende é que esse curso seja feito em 11 aulas com temáticas e com presença profissional. Ele não vai ser virtual, ele tem que ser presencial. E as pessoas interessadas podem se inscrever no site do Pesc, que vai ser o administrador desse curso. Os interessados se inscreverão, principalmente aqueles que têm uma motivação para fazer esse acompanhamento desses profissionais, que são profissionais, mas tem essa questão do autismo, e isso será realizado no próprio Hospital Universitário, nos sábados, e começará efetivamente, justamente, daqui a um mês. É a nossa previsão de início dessas atividades”, expõe.
O tema é de grande importância para o crescimento não só de empresas, como pessoal também. Otoch conclui ressaltando essa notoriedade: “Nós entramos por causa da importância do tema e ela reflete na sociedade como um todo. Então, isso daqui é mais uma atuação em nível de sistemas de saúde e de compreensão do que acontece na nossa sociedade e na capacidade de intervenção nossa como sociedade num tema muito sensível, que era a inclusão das pessoas com distúrbios autistas. Na verdade, são os transtornos do espectro autista, que é o nome correto, na inserção dessas pessoas no ambiente social de uma forma bastante harmônica”, finaliza.
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