Escrito Por: Marcia, mãe atípica.
Sou mãe de 3 filhos lindos, um rapaz de 29 anos, e duas meninas de 24 e 22 anos, tenho um orgulho enorme dos três. O meu filho foi diagnosticado com Síndrome de Asperger aos 5 anos de idade. Atualmente ele é advogado e gestor público, é também conciliador e mediador, trabalha, dirige, passeia com amigos, e é bastante independente.
Quando pequeno, o meu primogênito teve um atraso de fala, tinha dificuldades de se relacionar com outras crianças, gostava de brincar sozinho, adorava organizar coisas por tamanhos ou cores, tinha estereotipias, como fazer figuras geométricas no ar, ou dar pequenos tapinhas nas pessoas que passavam ao seu lado, era bastante ingênuo e tinha ainda uma dificuldade enorme de entender expressões faciais, como felicidade, indignação, e outras emoções.
Durante o processo de aprendizagem, tivemos muitas dificuldades em escolas, em uma delas, que se dizia inclusiva, ele foi convidado a se retirar, segundo a coordenação a escola não tinha competência para lidar com ele. Tivemos a sorte de encontrar depois escolas realmente inclusivas, onde suas habilidades eram enaltecidas e as dificuldades superadas. Entretanto, a maior dificuldade passou a ser com alunos e pais, eram relações conturbadas.
Ao longo do tempo, foi acompanhado por psicopedagogos, fonoaudiólogos e psicólogos. Além de um acompanhamento psicológico familiar para dar conta das necessidades de convivência de uma família atípica. Ele passou a entender sobre expressões, restringiu as estereotipias a um balançar de caneta, e aprendeu a gostar de uma certa desorganização.
Quando cresceu decidiu ser advogado, e chegou à faculdade. Durante o curso de direito, passou por um episódio significativo de bullying, agressões e falas maldosas, mas com o apoio da sala e dos professores as questões foram resolvidas. Atualmente tem poucos amigos, sai, passeia, trabalha, tem objetivos e sonhos como os jovens de sua idade.
É difícil resumir a rica experiência, pessoal, familiar e escolar, vivenciada ao longo dos anos. Tenho pena dos que voluntariamente declinaram, declinam ou declinarão da convivência com ele e com os colegas do Espectro Autista, estes certamente perdem essa grande oportunidade de convivência e crescimento pessoal.
Seu relato é maravilhoso, pena q seja difícil resumir 29 anos da vida de toda a família em um pequeno texto… Mas muito importante dividir a experiência de vocês com todos!!!
Obrigada Valéria, você esteve presente em vários desses momentos. Apesar do longo caminho a ainda a ser percorrido, e considerando que sempre foi um alento conhecer experiências de sucesso, acho importante dividir nossa experiência, talvez ela possa ser a luz no fim do túnel para outra famílias atípicas como a nossa.
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