Prevenção e Tratamento da Dermatite Associada à Incontinência (DAI)

Autor: Enf. Dr. Marcelo Monteiro Mendes (http://lattes.cnpq.br/2067150460562125)

As lesões de pele associadas à umidade podem ser caracterizadas por inflamações e erosões da pele causadas pela exposição prolongada a diversas fontes de umidade, como a urina, as fezes, suor e até mesmo exsudato de feridas. Uma das lesões associadas à umidade é a Dermatite Associada à Incontinência (DAI).

A dermatite associada à incontinência (DAI) destaca-se entre as lesões de pele por umidade por sua alta prevalência, por ser altamente dolorosa, por aumentar o risco de desenvolvimento de Lesões Por Pressão (LP) e infecções secundárias de pele além de ser de difícil tratamento.

A DAI é uma lesão associada à umidade que se desenvolve a partir da exposição por longos períodos da pele das regiões perigenital, perineal, perianal e áreas que se expões à urina e fezes. Caracteriza-se por uma resposta inflamatória exacerbada que acontece a partir do contato constante com substâncias irritantes e os principais sinais da DAI podem ser evidenciados por eritema (vermelhidão) e edema (inchaço) na superfície da pele lesada. Podem aparecer também bolhas com exsudato seroso (secreção transparente) e infecções secundárias, o que podem levar ao aumento da dor e desconforto do paciente.

A DAI resulta de eventos repetidos que acometem a pele do paciente incontinente (não consegue controlar urina e fezes) como: exposição prolongada da pele aos irritantes químicos provenientes da incontinência, como as fezes e a urina, associada ao uso de fraldas e absorventes, além do uso de produtos inadequados para a higiene da pele (sabonetes de PH neutro ou alcalino).

Uma forma de diminuir o risco de DAI é avaliar diariamente e de forma cuidadosa o paciente com incontinência urinária e/ou fecal e realizar cuidados específicos para a pele que fica em contato com a fralda, como o uso de cremes de barreira e/ou protetores cutâneos, limpar vigorosamente a cada eliminação com água, um pano macio (lenço para banho ou algodão macio) e sabonete líquido (de preferência de PH levemente acidificado, PH entre 4 e 6), devendo ser evitado uso de sabonetes convencionais (em barra).

O tratamento da DAI está focado no alívio dos sintomas, recuperar a pele lesada e prevenir complicações adicionais. Para o sucesso do tratamento é importante que se adotem medidas que melhorem a incontinência, como medidas fisioterápicas e medicamentosas (em alguns casos). Para o tratamento da pele pesada o uso do Laser de baixa frequência tem sido amplamente difundido e com excelentes resultados, além do uso de hidrocolóide em pó associado com protetor cutâneo em “spray”.

A presença de algum grau de incontinência urinária e/ou fecal, mesmo que o paciente não apresente outros fatores de risco para a DAI, já é um fator para a implementação de um protocolo apropriado de prevenção de DAI, em especial com a proteção da pele que está mais exposta.
Portanto a higienização da pele, a restauração da pele lesada e a proteção da pele que fica em contato com a fralda também são estratégias-chaves para o tratamento da DAI. Destaca-se o uso dos protetores cutâneos em creme ou “spray” que também tem ação cicatrizante e que aliviam a dor, além de evitar aparecimento de novas lesões.

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REFERÊNCIAS
Beeckman D, Campbell J, Campbell K, Chimentão D, Coyer F, Domansky R, et al. Proceedings of the Global IAD Expert Panel. Incontinence associated dermatites: moving prevention forward [Internet]. London: Wounds Internacional; 2015. Disponível em: https://multimedia.3m.com/mws/media/1048834O/incontinence-associated-dermatitis-best-practice-principles.pdf.

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