O isolamento social exigido pela pandemia do coronavírus desencadeou um processo adicional. A hiperconvivência ou excesso de tempo juntos expôs as relações ao desgaste, potencializando o estresse familiar. Nos grupos de pessoas em situação de vulnerabilidade social, o confinamento em casa, o afastamento das atividades escolares, a multiplicidade de tarefas exigidas para os adultos responsáveis e a perda de renda das famílias podem aumentar, ainda, o risco da violência intrafamiliar, especialmente dirigida a crianças e adolescentes.
Além de trabalhar na conscientização de adultos sobre o tema, um grupo de pesquisadores da USP em Ribeirão Preto desenvolveu a cartilha Não ao Coronavírus, sim à proteção! para instruir as próprias crianças e adolescentes a identificarem situações de violência. O material, que conta com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), indica onde e como procurar ajuda.
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“O objetivo é que a cartilha chegue nos serviços, como Cras, Creas e escolas públicas e privadas, e que o material seja divulgado e compartilhado com o maior número de famílias para mostrar a importância da proteção social de crianças e adolescentes”, afirma a professora Maria das Graças Bomfim de Carvalho. Ela coordena o Núcleo de Estudos e Pesquisa do Programa de Assistência Primária de Saúde Escolar (Proase), que desenvolveu todo o texto e os personagens da cartilha. Formado por pesquisadores e profissionais de áreas como serviço social, enfermagem, direito e psicologia, o grupo atua desde 1985 na Escola de Enfermagem da USP em Ribeirão Preto com grupos escolares, adolescentes e crianças vítimas de violência doméstica e institucional.
Não pode ser segredo
Falando diretamente com o leitor, a cartilha apresenta dados sobre o vírus, medidas simples de prevenção e mostra exemplos de situações fáceis de identificar, mas que “não podem ficar em segredo”.
Três páginas ilustradas são totalmente dedicadas a informar sobre como funciona o atendimento no Centro de Referência da Assistência Social (Cras), o acolhimento no Centro de Referência Especializado da Assistência Social (Creas) e o acompanhamento do Conselho Tutelar, instituições que são especializadas no atendimento destes casos.
De acordo com professora Maria das Graças, a cartilha Não ao Coronavírus, sim à proteção! será distribuída nas Secretarias de Saúde, Educação e Assistência Social de Ribeirão Preto.
Acesse o material completo aqui.
Fonte: Jornal da USP