Você já ouviu falar da “Reabilitação Psicossocial”?

Autor: Fagner Alfredo Ardisson Cirino Campos (http://lattes.cnpq.br/3164987311866892)- Doutorando no Programa de Pós-Graduação em Enfermagem Psiquiátrica pela Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto (EERP)
Profa Fabiana Faleiros, Profa Marislei Panobianco Profa Soraia Rabeh, Profa Geyslane Albuquerque, Prof. Dr. Christoph Käppler, Dra Ana Karine Monteiro, Ms. Letícia Noelle Corbo e Ms. Michel Marcossi. 

A Reabilitação Psicossocial surgiu nos Estados Unidos na década de 40, quando pessoas com transtornos mentais – pessoas que podem ter limitações físicas, mentais, intelectuais ou socioafetivas- se mobilizam socialmente em busca de apoio político e da sociedade civil para suas necessidades biológicas e socioafetivas. Esse movimento trouxe visibilidade a esses sujeitos, provocando a comunidade científica a focar em estudos que contribuíssem no desenvolvimento das funcionalidades e na reinserção à sociedade das pessoas com transtorno mental.

No entanto, com o tempo, foi escancarado que o simples desenvolvimento de habilidades sociais, com o objetivo de adaptá-los as suas limitações físicas e mentais, não foi suficiente para alcançar o verdadeiro propósito da Reabilitação Psicossocial: promover a inclusão social efetiva de pessoas com transtorno mental em suas comunidades, garantindo-lhes qualidade de vida, bem-estar e uma existência produtiva e satisfatória.

Para atingir esse objetivo, tornou-se claro que era necessário não apenas desenvolver habilidades individuais, mas também promover mudanças sociopolíticas que eliminassem as barreiras estruturais enfrentadas por essas pessoas em sua comunidade e ambiente social. Isso inclui combater o preconceito, criar e implementar políticas públicas para a inclusão social e trabalho, acesso a moradia, alimentação, educação e serviços de saúde.
Saiba mais: https://demaisinformacao.com.br/criancas-intolerantes-o-papel-da-escola-na-luta-contra-a-lgbtqiafobia/

Assim, nesse novo momento, surgiram pesquisas que tiveram o foco no desenvolvimento e descobertas das potencialidades das pessoas com transtorno mental, dando voz ao seu protagonismo, empoderamento, participação social e exercício da cidadania. Sendo que a Reabilitação Psicossocial passa a ser um processo de planejar e estruturar oportunidades de autorrealização pessoal e profissional, a construção de relações sociais de apoio e suporte as necessidades físicas, afetivas e sociais, e a definição e construção de projetos e sentidos de vida, com maior autonomia e independência e total participação da pessoa com transtorno mental em escolher como será sua reabilitação.

Além disso, o trabalho interprofissional e colaboração entre diferentes setores e especialidades é essencial para fornecer um suporte abrangente e eficaz no processo da Reabilitação Psicossocial, permitindo que a pessoa com transtorno mental realmente tenha acesso as oportunidades de vida sem barreiras e exclusão. E assim possam se sentir autorrealizadas e pertencentes a vida social!

REFERÊNCIAS:

BATISTA ARAÚJO, J.; CASSOLI, T. Reabilitação psicossocial: entre a segurança e ética da existência. Revista Polis e Psique, v. 10, n. 3, p. 52–76, 26 out. 2020.

CAMPOS, F. A. A. C. et al. Reabilitação Psicossocial: o Relato de um Caso na Amazônia. Saúde em Redes, v. 7, n. Supl. 2, p. 1–18, 2021.

GUERRA, A. M. C. Reabilitação psicossocial no campo da reforma psiquiátrica: uma reflexão sobre o controverso conceito e seus possíveis paradigmas. Rev. Latinoam. Psicopat. Fund., v. 7, n. 2, p. 1–14, 2004.

HIRDES, A. Autonomia e cidadania na reabilitação psicossocial: uma reflexão. Ciência & Saúde Coletiva, v. 14, n. 1, p. 165–171, 2009a.
HIRDES, A.; KANTORSKI, L. P. Reabilitação psicossocial: objetivos, princípios e valores. R Enferm UERJ, v. 12, p. 217–221, 2004.

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